Live discute isolamento social e violência contra a pessoa idosa 16/06/2020 - 14:59

A Secretaria da Justiça, Família e Trabalho realizou na manhã desta terça-feira (16), uma live na página institucional do seu Facebook (https://www.facebook.com/sejufparana ), uma live com o médico e gerontólogo Alexandre Kalache, pioneiro no estudo das questões do envelhecimento, com 40 anos de atividades dedicadas ao tema, como professor, funcionário público internacional e ativista junto a organizações não governamentais.

Como ex-dirigente do programa global de envelhecimento da Organização Mundial da Saúde – OMS e fundador do Centro Internacional da Longevidade Brasil, Kalache falou que o abuso acontece principalmente com a negligência, abandono e exclusão social do idoso. “Podemos perceber isso nesta pandemia do Covid, quando os idosos, considerados o maior grupo de risco, não foram ouvidos”, disse ele, apostando que a pandemia pode ensinar a população a ter mais calma e paciência com o idoso, fazendo o mundo mais solidário, menos egocêntrico e individualista. “È o maior desafio sanitário do século, onde os maiores protagonistas, os idosos, estão isolados e sendo vítimas de abusos e agressões, apesar da constatação de que 20% dos lares dependem da renda do idoso", disse.

Kalache citou exemplos de abusos, como o caso do idoso do Líbano, que falou que um grito dói mais que um tapa na cara. Ou da senhora da Jamaica que afirmou bastar olhar para a cara da enfermeira para não ter vontade de perguntar nada e, ainda, a interna de uma casa de acolhimento, que apesar de receber todas as refeições, todos os dias, não podia comer, pois a bandeja era colocada ao pé da cama e ela não tinha mobilidade para levantar e se servir. “E ainda tinha que ouvir diariamente, ao retirarem a bandeja, se estava bem servida”, contou ele, afirmando a importância de ouvir o protagonismo, promover cidadania, empoderamento, acesso ao trabalho para quem quer e precisa, para que o idoso vulnerável possa ser mais resiliente.

A coordenadora em exercício da Política da Pessoa Idosa, Adriana Santos de Oliveira, falou sobre o aumento de 87% da violência contra idosos, registrada pelo telefone Disque Idoso da Secretaria da Justiça, Família e Trabalho do Governo do Paraná. “A maioria dos casos foi praticada por familiares das vítimas, sendo os filhos os maiores agressores, seguido de cônjuges e netos, que combinam de uma só vez, de três a quatro tipos de violências tipificadas no Estatuto do Idoso, em especial a violência financeira e do patrimônio, abandono, negligência, agressão verbal e psicológica, agressão física”, disse ela, acrescentando que somente nos cinco primeiros meses deste ano, o Disque Idoso registrou 984 atendimentos, sendo 661 denúncias e 323 orientações.
O Disque Idoso Paraná é um serviço telefônico estadual gratuito ligado a um banco de dados que coloca à disposição da população orientações sobre os direitos da pessoa idosa, registro de denúncias, encaminhamentos, informações e sugestões sobre serviços públicos. O contato pode ser feito pelo telefone 0800 41 00 01 ou pelos e-mails disqueidoso@seds.pr.gov.br ou disqueidoso@sejuf.pr.gov.br. Denúncias também podem ser feitas no telefone 181 (Disque Denúncia da Polícia Militar), que funciona 24 horas, todos os dias da semana, no telefone 100 (Disque Direitos Humanos), no Ministério Público e no Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa do seu município.

O presidente do Conselho Estadual dos Direitos do Idoso (CEDI), Jorge Nei Neves falou sobre a importância de fortalecer o conselho estadual e, principalmente os municipais, porque é nos municipios que a política pública para o idoso acontece ou não. “São espaços onde se praticams o exercício de cidadania para que a pessoa idosa seja atendida em sua integralidade”, disse.

A assistente social Simone Aguiar, da Delegacia do Idoso de Belém do Pará comentou casos de denúncia em seu município, onde o idoso que tinha sido internado pela Covid-19 ser proibido em entrar em sua casa pois, representava ameaça de contágio,segundo os seus familiares uma ameaça de contágio. “Creio que muitas notícias às avessas contribuíram para que o preconceito contra a pessoa idosa aumentasse”, disse ela.

Dulce Aparecida Teodozio, assistente social no Escritório Regional da Secretaria da Justiça, Família e Trabaho de Paranvaí, disse que o idoso tem inúmeras e importantes contribuições a dar. “Ele deve ser ouvido. É muito importante saber suas opiniões sobre esse momento que estamos vivendo”, disse.

 

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