Tráfico de pessoas, uma realidade bem próxima da população 25/07/2019 - 17:40

A promessa de ganhos exorbitantes e a experiência de viver uma vida nova cheia de fantasias no exterior são ofertas que despertam o interesse – e o desejo – de muita gente. Muitas vezes, porém, a proposta não passa de ilusão e acabam a pessoa acaba se tornando refém do tráfico humano.

 

Foi exatamente isso que aconteceu com a jovem curitibana Ana Maria (nome fictício), 22 anos, que foi aliciada com uma proposta deslumbrante de ganhar uma boa quantidade de dinheiro para fazer programas na Europa – mas, ao chegar lá, percebeu que não era bem aquilo. “O fator principal para cair neste golpe foi o valor bem alto que me ofereceram isso me deixou muito interessada. Continuei o contato com a pessoa e tempos depois eu já estava completamente dominada pela aliciadora. Acabei aceitando a oferta”, conta.

 

A jovem só foi se dar conta de tudo quando percebeu que o rendimento não era o que haviam prometido, as condições de trabalho eram aviltantes e humilhantes e que não poderia ter contatio com seus parentes e amigos no Brasil. “Quando percebi já era tarde. Eu já estava refém, sem contato algum com pessoas aqui no Brasil. Por sorte consegui fugir junto com uma amiga que também caiu no golpe. Fomos até a polícia local e à embaixada do país em que estávamos. O que era quase impossível, por sorte deu certo”.   

 

Já de volta ao Brasil, Ana procurou o Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Paraná, da Secretaria de Justiça, Família e Trabalho, e recebeu todo o acompanhamento necessário. Hoje, como forma de alerta, Ana Maria deixa uma mensagem à população – principalmente jovens mulheres como ela. “Sou formada, tenho ensino superior e venho de uma família de classe média. Este crime pode acontecer sim com qualquer pessoa e eu quero alertar principalmente as mulheres, para que sempre se mantenham atentas a propostas tentadoras e suspeitem ao máximo de tudo que oferecerem”.

 

Ana Maria participará do 3º Seminário Dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas, no dia 30 de Julho (Dia Mundial de Combate ao Tráfico de Pessoas), no auditório da Polícia Rodoviária federal, em Curitiba.  Sem se identificar, ela responderá às perguntas dos participantes.

 

*Estatísticas* - No Paraná foram registrados apenas em 2019, na gestão Ratinho Júnior, 41 casos de tráficos de pessoas denunciados ao Núcleo e que agora estão sendo acompanhados pela Secretaria. São considerados tipos de tráficos de pessoas a exploração sexual; exploração laboral da prostituição; trabalho condição análoga a de escravo; trabalho infantil; remoção de órgãos, tecidos ou partes do corpo; prática de atividade criminosa e adoção ilegal.

 

De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, com essas modalidades de tráficos há uma vulnerabilidade maior quando se trata das mulheres e dos adolescentes que são usados tanto para o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual; já para o trabalho análogo ao de escravo, as vítimas preferenciais são homens, entre 21 e 45 anos, cuja escolaridade, muitas vezes, não passa do ensino fundamental.

 

“Trabalhamos na prevenção, repressão, atendimento à vítima em parceria com outros poderes, órgãos estaduais, municipais e iniciativa privada, bem como em parceria com as ONGs Jocum Curitiba, Ciaf, Rede um Grito Pela Vida. Outras ONGs e projetos estão abraçando a causa”, explica a coordenadora do Núcleo de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas do Paraná, Silvia Cristina Xavier.

 

Para o secretário Ney Leprevost, é de extrema importância alertar toda população que este crime existe e acontece a todo o momento. “Por isso o nosso dever é de articular e planejar ações para o combate desse crime velado na esfera estadual”.

 

Os canais indicados para denúncias são: 181 - Disque Denúncia ou pelo e-mail nucleoetp@seju.pr.gov.br.  

 

 

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Enfrentamento ao tráfico de pessoas é tema de seminário em Foz do Iguaçu

 

Promovido pela Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho em parceria com o Ministério da Justiça, foi realizado esta semana em Foz do Iguaçu o VI Seminário Internacional da Tríplice Fronteira na Semana Coração do Azul,

 

A proposta do seminário foi de disseminar a política nacional de enfrentamento ao tráfico de pessoas e buscar a inclusão de órgãos parceiros no Paraná. “Abordamos assuntos para integração de parceiros no intuito de aumentar cada vez mais a nossa rede de parceiros e consequentemente diminuir o número de casos de tráfico humano especificamente em regiões de tríplice fronteira como é o caso de Foz do Iguaçu”, disse a coordenadora do Netp/PR, Silvia Cristina Xavier, que representou o secretário da Sejuf, Ney Leprevost, no evento.   

 

ILUMINAÇÃO CORAÇÃO AZUL - Em apoio à Campanha estão sendo iluminados de azul diversos prédios. Em Curitiba, Palácio das Araucárias, Polícia Rodoviária Federal e a sede da Jovens com uma Missão (Jocum); em Foz do Iguaçu, a Itaipu Binacional e a Mesquita de Foz do Iguaçu; Em Maringá, a Catedral; em Jacarezinho e Teixeira Soares, os prédios das prefeituras.   

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